Só nós dois

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O Assalto ao Santa Maria e a sua história E OUTRAS para o futuro






Santa Maria
O assalto

Em Janeiro de 1961 deu-se o assalto ao paquete "Santa Maria", incidente que na época notabilizou a contestação ao Governo de Oliveira Salazar, e introduziu a prática, depois muito difundida internacionalmente, de sequestrar navios e aviões com fins políticos. 

O "Santa Maria" havia largado de Lisboa a 9 de Janeiro de 1961 em mais uma das suas viagens regulares à América Central, fazendo escala no porto venezuelano de La Guaira no dia 20. 

Entre os passageiros embarcados neste porto, contava-se um grupo de 20 membros da DRIL - Direcção Revolucionária Ibérica de Libertação, organismo constituido por opositores aos regimes de Franco e Salazar, cujo comandante era o capitão Henrique Galvão, que embarcou clandestinamente no "Santa Maria" um dia depois, em Curaçau, com mais três elementos da DRIL. 

Galvão estava exilado na Venezuela desde Novembro de 1959, e em Julho de 1960 havia concluído os planos de assalto ao "Santa Maria". 

Fora escolhido este paquete por ser muito superior aos diversos navios de passageiros espanhóis que na altura faziam a carreira da América Central

O capitão Galvão pretendia deslocar-se no "Santa Maria" até à colónia espanhola de Fernando Pó, no golfo da Guiné, cuja tomada permitiria em seguida efectuar um ataque a Luanda e iniciar, a partir de Angola, o derrube dos Governos de Lisboa e de Madrid. 

Horas depois da largada de Curaçau, o "Santa Maria" navegava rumo a Port Everglades, na Florida, com 612 passageiros e 350 tripulantes, sob o comando do capitão da Marinha Mercante Mário Simões da Maia, quando, precisamente à 1 hora e 45 minutos da madrugada de 22 de Janeiro de 1961, os 24 homens de Henrique Galvão tomaram conta da ponte de comando e da cabine de TSF, dominando os oficiais do navio. 

O terceiro piloto João José Nascimento Costa ofereceu resistência aos assaltantes e foi morto a tiro. 

Pouco depois, o "Santa Maria" alterou o rumo para leste, procurando alcançar rapidamente o Atlântico. 

A 23 de Janeiro, o navio aproximou-se da ilha de Santa Lúcia e desembarcou, numa das lanchas a motor, 2 feridos graves com 5 tripulantes, comprometendo a possibilidade de atingir a costa de Africa sem ser detectado. 

No dia 25, o paquete cruzou-se com um cargueiro dinamarquês, traindo a sua posição, o que permitiu a um avião norte-americano localizar o "Santa Maria" horas depois. 

Finalmente a 2 de Fevereiro o "Santa Maria" fundeou no porto brasileiro do Recife, procedendo ao desembarque dos passageiros e tripulantes. 

Chegou a ser considerado o afundamento do paquete, mas no dia seguinte os rebeldes entregaram-se às autoridades brasileiras, obtendo asilo político, ao mesmo tempo que o "Santa Maria" voltava à posse da Companhia Colonial de Navegação.

Os passageiros do paquete assaltado foram transferidos para o "Vera Cruz", que saiu do Recife a 5 de Fevereiro, chegando a Lisboa a 14 do mesmo mês, após escalar Tenerife, Funchal e Vigo.
Por sua vez o "Santa Maria" largou do Recife a 7 de Fevereiro, entrando no Tejo, embandeirado em arco, a 16 e atracando a Alcântara... 

Independentemente dos aspectos políticos que na altura rodearam o caso "Santa Maria", este incidente acabou por fazer do navio o mais famoso dos paquetes portugueses.

Embora o "Infante Dom Henrique" e o "Príncipe Perfeito" fossem mais recentes, o "Santa Maria" era um navio de prestígio por excelência, situação a que não era estranho o facto de ser o único navio de passageiros português a manter uma ligação regular entre Portugal e os Estados Unidos da América.
Coincidindo com o desvio do "Santa Maria", deflagraram a 4 de Fevereiro, em Luanda, incidentes graves, seguidos, em Março, do começo da guerra no Norte de Angola. 

O Governo de Lisboa decidiu enfrentar a situação, enviando a partir de Abril ràpidamente e em força importantes reforços militares.
Esta decisão implicou, de imediato, a requisição de diversos paquetes e navios de carga afretados pelo Ministério do Exército para efectuarem o transporte de tropas e material de guerra.
A utilização esporádica para este fim de navios de passageiros portugueses vinha já do século XIX, passando a partir de 1961 a constituir uma das principais ocupações permanentes dos paquetes portugueses 

in "Paquetes Portugueses" de Luis Miguel Correia
Pode ser consultada aqui a dissertação de José António Dias Mota Belo sobre este assalto, intitulada "Santa Maria - O Paquete R

TRABALHO DE TESE

 
Fotografias do arquivo da revista "LIFE"

Outras fotografias

Fotografias tiradas por mim em 1971

Características Técnicas

Vida a bordo

Guia do Passageiro

Jornal do Santa Maria



Império 

 

TipoNavio misto de 2 hélices
ConstrutorJohn Brown & Ca.Ld
Local construçãoClydebank - Glasgow - Escócia
Ano de construção1948
Ano de abate1974
RegistoCapitania do porto de Lisboa, em 16 de Junho de 1948, com o número H 362
Sinal de códigoC S J E
Comprimento fora a fora161,87 m
Boca máxima20,83 m
Calado à proa8,54 m
Calado à popa8,54 m
Arqueação bruta13.185,79 Toneladas
Arqueação Liacute;quida7.758,63 Toneladas
Capacidade11.230 m3
Porte bruto10.734 Toneladas
Aparelho propulsorDois grupos de turbinas, construidos em 1948 por John Brown &Ca.Ld. Duas caldeiras para 30 K/cm2 de pressão.
Potência13.200 cavalos
Velocidade máxima19 nós
Velocidade normal17 nós
PassageirosAlojamentos para 18 em classe de luxo, 101 em primeira classe, 156 em segunda, 118 em terceira e 406 em terceira suplementar, no total de 799 passageiros.
Tripulantes164
ArmadorCompanhia Colonial de Navegação - Lisboa




Timor



Tipo Navio misto de 2 hélices
Construtor Bartram & Sons, Ld.
Local construção Sunderland - Inglaterra
Ano de construção 1950
Ano de abate 1974
Registo Capitania do porto de Lisboa, em 13 de Julho de 1950, com o número H 399
Sinal de código C S K N
Comprimento fora a fora 131,42 m
Boca máxima 17,98 m
Calado à proa 7,80 m
Calado à popa 7,80 m
Arqueação bruta 7.655,95 Toneladas
Arqueação Líquida 4.223,83 Toneladas
Capacidade 9.254 m3
Porte bruto 6.761 Toneladas
Aparelho propulsor Dois motores diesel, de 4 cilindros cada, construídos em 1950 por Richardsons, Westgarth & Co. Ld. em West Hartlepool - Inglaterra.
Potência 5.750 cavalos
Velocidade máxima 15,0 nós
Velocidade normal 14,5 nós
Passageiros Alojamentos para 4 em classe de luxo, 60 em primeira classe, 25 em terceira e 298 em terceira suplementar, no total de 387 passageiros.
Tripulantes 120
Armador Companhia Nacional de Navegação - Lisboa


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