Só nós dois

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Bandeira Nacional



Descrição: Bandeira Nacional exposta na varanda da casa de Inocêncio Camacho, por altura das festas das constituintes
Data: 1911
Código de referênciaPT/AMLSB/JBN/000437



O ano em curso marca a realização de mais um campeonato europeu de futebol, o EURO 2016, desta vez acolhido pela França. Acontece em cada 4 anos e realizou-se pela primeira vez em 1960 com designação de Taça das Nações Europeias. Em 1980 passou a denominar-se EURO

Esta competição, onde participam vários países da europa, exalta naturalmente o sentimento de identidade nacional, sendo a bandeira de cada nação o primeiro elemento que reconhece e extrapola as respetivas paixões.

Embora a imagem em destaque, da autoria de Joshua Benoliel (1873-1932), não remeta para este assunto, o Arquivo Municipal de Lisboa, quis traze-la a público pela sua importância histórica, uma vez que se relaciona com a criação da bandeira portuguesa, tão afetuosamente exibida a propósito deste acontecimento.

A bandeira nacional da República Portuguesa foi inaugurada em 1 de dezembro de 1910, na Festa da Bandeira.

Após a implantação da Republica, em 5 de Outubro de 1910, importava ao Governo Provisório da Republica definir e resolver sobre a representação moral da nacionalidade, por isso, através do decreto de 15 de outubro nomeou a comissão constituída por Abel Acácio de Almeida Botelho, Columbano Bordalo Pinheiro, António Ladislau Parreira, José Afonso Palla e João Chagas para projetarem a bandeira e o hino nacional.

Apesar da sua inauguração em 1910, o modelo da bandeira nacional só ficou, definitivamente, estabelecido, por decreto, da Assembleia Nacional Constituinte, de 19 de junho de 1911, o qual determinava que A Bandeira Nacional é bipartida verticalmente em duas cores fundamentais, verde escuro e escarlate, ficando o verde do lado da tralha. Ao centro, e sobreposto à união das duas cores, terá o escudo das Armas Nacionais, orlado de branco e assentando sobre a esfera armilar manuelina, em amarelo e avivada de negro.

A escolha das cores da bandeira foi inspirada na bandeira do Partido Republicano Português, sendo que o verde remete para a orientação das nações através da ciência e, popularmente, para a esperança. O vermelho simboliza revolução, a luta pelos direitos de igualdade, fraternidade e liberdade e, também popularmente, o sacrifício e a força dos portugueses ao longo da sua história. A esfera armilar simboliza os descobrimentos portugueses, os cinco escudos azuis, destacados num espaço branco, simbolizam as Cinco Chagas de Cristo e, popularmente a batalha de Ourique e os sete castelos que os circundam são considerados a tomada das sete fortalezas mouras pelos portugueses, durante a conquista do Algarve, no reinado de D. Afonso III.

No entanto, os republicanos não foram consensuais na escolha do modelo da bandeira. Por isso, Guerra Junqueiro apresentou também um modelo que adotava as cores azul e branca, da antiga bandeira, conservando também o escudo antigo e sobre este uma esfera armilar circundada por cinco estrelas verdes, encarnadas e ouro, simbolizando a revolução que implantara o novo regime

Houve ainda quem propusesse, como Henriques Lopes de Mendonça, a realização de um plebiscito sobre as cores da bandeira. Acerca desta questão, foram publicadas na imprensa da época discussões apaixonadas, que defendiam as cores azul e branco. Porém, foram as cores verde e vermelho, que triunfaram.


Encontre mais documentos fazendo pesquisa em sala de leitura na base de dados do Arquivo utilizando as palavras-chave:Bandeira nacional, Festa da Bandeira.




Leia mais sobre este assunto:

BRASIL – PORTUGAL [Em linha]. 282 (16.10.1910).
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http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/
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BRASIL – PORTUGAL [Em linha]. 284 (16.11.1910.
[Consult. 20.06.2016]. Disponível em:
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//hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Ocidente/1910/
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//hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/ARepublicaPortuguesa/
N50aN78/N50aN78_master/ARepublicaPortuguesaN50a78.pdf
PORTUGAL DA MONARQUIA PARA A REPÚBLICA. In Nova História de Portugal. Lisboa: Editorial Presença, 1991.Vol.11
RAMOS, Rui – A Segunda Fundação (1890-1926). In História de Portugal. [Lisboa]: Círculo de Leitores, imp. 1992-imp. 1994. Vol. 6
RAMOS, Rui – História de Portugal. 6ª ed. Lisboa: A esfera dos livros, 2010.

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