Só nós dois

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Joanjo Aguar Matoses / Flickr
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O BES Angola estava em descontrole total, quando foi nacionalizado em 2014, de acordo com dados apurados pela revista Sábado que reporta alegados “esquemas de Ricardo Salgado e Álvaro Sobrinho” que terão enviado milhões de euros para a SAD do Sporting, o governo de Angola e para offshores.
A revista nota que teve acesso a e-mails confidenciais que atestam como funcionava o BES Angola (BESA), antes de ter sido nacionalizado pelo presidente do país, José Eduardo dos Santos, em 2014.
Além disso, revela ainda as conclusões da auditoria especial feita pela Deloitte ao BESA, cruzando esses dados com o despacho de acusação do Banco de Portugal contra Ricardo Salgado, o ex-presidente do BES, e outros ex-altos responsáveis do Banco.
Todas estas informações dão conta de um “cenário de descontrolo total no BESA”, refere a Sábado, frisando que “podem levar Ricardo Salgado e outros administradores do BES a responder por gestão danosa, infidelidade e branqueamento de capitais“.
Também Álvaro Sobrinho, o accionista maioritário da Sporting SAD que esteve à frente do BESA durante 10 anos, poderá ser alvo das mesmas acusações, de acordo com a publicação.

Transferências suspeitas de 13,7 milhões de euros

No seu tema de capa, na edição desta semana, a Sábado fala do BESA como “o Banco Sujo do BES” e nota que Ricardo Salgado e Álvaro Sobrinho “enviaram milhões para as suas offshores, para o Sporting e para o governo de Angola”.
Em concreto, são citadas transferências de 13,7 milhões de euros do BESA para a Sporting SAD, com cinco movimentos feitos em 2011 e em 2012.
A auditoria da Deloitte “nota a ausência de mecanismos de controlo do BES” quanto a estas movimentações financeiras, segundo a Sábado que refere ainda que o Banco de Portugal solicitou esclarecimentos, no âmbito das “dúvidas quanto a irregularidades no preenchimento das operações“, mas que não obteve qualquer resposta do BESA.
Quando questionado pelos responsáveis do BES, “Álvaro Sobrinho dizia que os colegas de Lisboa eram ignorantes e que tratava tudo com Ricardo Salgado”, escreve a Sábado.
A revista acrescenta que os e-mails trocados, durante anos, entre dirigentes do BES e do BESA evidenciam uma “guerra contínua e em que ninguém se entendia”.
No fim de contas, o “descontrolo total” no BESA terá levado o BES a perder “cerca de 5 mil milhões de dólares”.

Ricardo Salgado lamenta violação do segredo de justiça

Em nota enviada à Sábado, em resposta a estes dados, Ricardo Salgado “repudia a violação grosseira e selectiva do segredo de justiça“, acusando a revista de publicar “de forma descontextualizada partes da acusação do Banco de Portugal sobre o BESA, com o intuito de realizar na praça pública o habitual julgamento mediático sumário com absoluto desrespeito pelos princípios básicos do Estado de Direito”.
O ex-presidente do BES também critica o facto de não ter sido publicado “nenhum dos argumentos da defesa” que contestou “totalmente, com factos e provas, a acusação que lhe foi imputada”

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